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Memória literária - Tudo começou em...

Por Laís, 

Ano passado eu elaborei uma memória literária - em primeira pessoa - para a aula da professora Fernanda Muller, e acabei participando da Olimpíada de Língua Portuguesa.
Bom, o  texto foi escrito a partir de uma entrevista que realizei com meu vizinho. Pra falar a verdade eu sempre me interessei pela história de vida dele, sempre o admirei, e essa proposta de trabalho foi perfeita. 
E acho que criando um post no blog seria uma boa opção para divulgar para as mais diversas pessoas.
Aí vai....

  Tudo começou no dia 17 de junho de 1975, na pequena cidade de Aiuába (CE)... 

Eu me chamo Dogival, em minha cidade exerci a função de fiscal rural, motorista, admistrador de obras públicas, além de tudo isso eu também era um político muito bem visto pela grande maioria dos moradores. Em uma eleição em que me candidatei a vereador precisava de 395 votos, ganhei 1.766, de uma população de 3.292 habitantes, só que essa profissão naquele tempo não era muito valorizada pelas autoridades, e os moradores achavam que vereadores ganhavam bem, e acabavam me explorando, pois meu coração não me deixava dizer não aos mais necessitados que eu, mas pelo contrário, mal dava o sustento da minha família.
Meu casamento não ia muito bem, meus cinco filhos eram pequenos, quando decidi mudar minha vida e de minha família. Saí sozinho e sem mala, apenas com minha roupa do corpo, meus documentos e muito pouco dinheiro.
Fui até a rodoviária de Iguatú, comprei a primeira passagem que tive oportunidade. Por coincidência com destino a Florianópolis. Eu nunca a tinha ouvido falar, não conhecia, porém estava indo confiante em busca de uma oportunidade boa de emprego.
Embarquei no ônibus que foi de Iguatú a São Paulo, de São Paulo a Curitiba, e de Curitiba a Florianópolis.
Cheguei a meu destino às 2 horas da manhã, na antiga rodoviária de Florianópolis que ficava na Avenida Mauro Ramos, me dirigi a um taxista e pedi que me levasse a um hotel de família, o homem então me levou para um hotel em coqueiros de número 163.
Durante o trajeto tive a oportunidade de passar pela ponte Hercílio Luz – que emoção, que maravilha -, em minha cidade só tinham pequenas pontes que atravessavam pequenos rios, nada se comparava com aquela ponte gigante e toda iluminada. Aqueles carros então, a cidade parecia que estava sofrendo um ataque de objetos ambulantes com quatro rodas, pois em Aiuába havia apenas jipes de turismo e jumentos.
Também fiquei muito impressionado com as casas, nunca havia visto casas de madeira, apenas casas feitas de barro e taipa, e muito poucas feitas de tijolo.
Bom, fiquei três dias lá retomando minhas energias, quando decidi ir à busca de uma casa para alugar, sai do hotel pela manhã, e fui sem rumo caminhando pelas ruas de coqueiros. Onde encontrei Seu João, que por coincidência tinha uma casa para alugar na Rua Santa Rita de Cássia, procurei então um contador para arrumar a escritura da casa e me instalei lá.
Tive de me adaptar com as condições da cidade. Havia dias que fui obrigado a revestir as paredes da casa com caixas de papelão, pois era muito frio. Aliás, eu era acostumado a temperaturas de 40º, já que o Ceará é uma região muito quente e seca.
 Já estava estabilizado em minha casa alugada, quando em seguida decidi arranjar um emprego pra mim. Comecei a comprar conjuntos de panelas, triplicava o preço e vendia nas ruas. Isso acabou me trazendo bastante dinheiro. Bom, o que eu recebia de lucro acabava dividindo em duas partes: uma ia para minha família que estava em Aiuába, e a outra era voltada para o investimento em novos conjuntos de panelas. E assim foi crescendo meu negócio.
Até que um dia a filha de Seu João se casou, e tive que devolver a casa dele. Juntei então meu dinheiro e decidi comprar minha primeira casa.
Já estabilizado e empregado resolvi trazer minha família. Acontece que eu e minha mulher não estávamos bem no casamento. Da mesma forma esperei meus filhos se formarem e propus a ela separação, ela aceitou.
Com o divorcio dei a meus filhos um terreno em Biguaçu e a ela dei uma casa em São José. Eu não fiquei com nada da casa, eu queria apenas uma coisa que estava nela. O colchão que eu dormia com minha ex- mulher. Mandei o cortar ao meio, ela ainda veio me perguntar o que faria com a metade de um colchão, eu então respondi:
- Com a sua eu não sei, mas a minha vai para o lixo.
 Depois da separação morei quatro anos em Joinvile, quando percebi que meu futuro era Florianópolis.
Depois de algum tempo na encantadora “Ilha da Magia” encontrei meu grande amor, com que sou casado até hoje e com ela temos uma filha chamada Emanuela.

 Acredite em seus sonhos, acredite em você e nunca desista, pois todo fim de luta tem uma conquista.

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