Por Giulia Platt Maffezzolli
Com a chegada dos portugueses à costa brasileira, muita coisa, senão tudo, mudou na vida de quem ali já vivia, os chamados índios, embora não fosse esse o nome dessas pessoas, eles apenas repetiram a expressão utilizada por Colombo, quando descobriu a América. Eles não observaram as diferenças entre os povos indígenas, as diferenças culturais, e chamaram todos, genericamente, de índios.
Os portugueses então, puseram um marco de pedra (em forma de cruz) na terra Tupiniquim, cuja cruz representava a sua religião, a religião de Portugal. Os índios, cuja religião era diferente (acreditavam na vida após a morte e na reencarnação), tiveram que, depois, aceitar (depois de resistência) essa religião como sua, e como não sabiam que isso aconteceria, não reclamaram quando o marco foi posto indicando que aquela terra era de Portugal, e nem quando eles rezaram uma missa, comemorando a sua chegada a uma nova terra.
Quando chegaram, os portugueses e os povos originários ficaram "amigos", por assim dizer. Eles trocaram presentes, chapéus por colares, e coisas assim. Os europeus lhes deram de sua comida e bebida, mas os índios tudo recusaram ou provaram e jogaram fora. Assim que encontraram os índios, os portugueses estranharam o fato de não usarem roupa alguma que lhes "cobrisse as vergonhas" (uma ideia dada pela igreja, a de usar roupas), ou seja, andavam praticamente nus. E os nativos estranharam o fato dos visitantes usarem roupas, andarem com o corpo todo coberto.
Enquanto na Europa as pessoas tinham suas propriedades, e seus alimentos não vinham de uma "apropriação coletiva da natureza", os índios repartiam tudo, eles tinham todos a mesma comida, viviam todos nas malocas, que eram habitações coletivas sem divisões internas, onde se abrigavam até 100 pessoas cada uma, e também existia como diferença o fato de que nas comunidades indígenas não existiam privilégios sociais, enquanto na Europa isso era bastante forte.
Bom, hoje em dia, as comunidades indígenas ainda existem, mas em número bem reduzido, após elas serem praticamente dizimadas pelos Estados europeus, em busca de riquezas, e ainda hoje eles lutam para conseguir um pedaço de terra, e para reconstruir sua cultura, que foi quase que totalmente substituída pela cultura portuguesa. Os choques foram grandes, e até hoje eles não se recuperaram
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