Por Julia Juchem
Dia 13 de maio foi um dia diferente em Floripa. Esse dia geralmente é marcado para lembrar a abolição da escravatura, um fato super importante na história do nosso povo, pois marcou o direito da cidadania àqueles que eram excluídos da sociedade. Essa data é atualizada em 2011, 123 anos depois, quando outras minorias são representadas numa manifestação para marcar a diversidade.
Cerca de 150 pessoas reuniram-se em frente à catedral de Florianópolis para realizar uma manifestação contra a homofobia e o racismo com um gesto simples, mas marcante: um beijo entre casais homossexuais e casais “inter-raciais”. Conforme explica o blog da performance, o objetivo principal é “responder a Bolsonaro que não importa o quanto ele seja homofóbico ou racista, estamos num país que dá o direito de sermos diferentes e amarmos quem quisermos”.
Flyer da manifestação (Blog) |
Jair Bolsonaro é deputado federal do Partido Progressista eleito pelo Rio de Janeiro. Ele representa opiniões conservadoras e, em minha opinião, preconceituosas; pois discrimina os gays, os cotistas, os negros, os índios, as mulheres, em prol, do que diz da “família e dos bons costumes”. É suplente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (estranho, não?!). Dias atrás concedeu uma entrevista ao programa televisivo CQC (Rede Bandeirantes) declarando a sua opinião em relação a assuntos delicados. Esse vídeo foi e ainda é muito acessado na internet, com pessoas utilizando o espaço de comentários como um campo de debate.
É importante considerar:
- o número estrondoso de votos que ele recebeu na última eleição (120.646 votos, para o seu sexto mandato);
- a igualdade entre likes e dislikes no vídeo dele do CQC (quando acessado em 27/05/2011 estava com 760 pessoas que gostam e 750 pessoas que não gostam de sua fala);
Esses dados refletem a opinião de muitos brasileiros e podemos constatar que sim, ele está representando a opinião de alguns brasileiros na mídia e na Câmara de Deputados. Acredito que muitos dos que votaram no Bolsonaro sabiam de suas posições e votariam nele novamente, tanto é que já existe campanha “Bolsonaro Presidente” nas redes sociais.
Imagem com falas do deputado e opinião sobre as mesmas |
Caro leitor para que cada um tire suas próprias conclusões, deixo aqui links que considerei interessantes (que também foram as fontes para minha reflexão). Aproveito para considerar algumas questões:
- Na exposição do pensamento, até onde vai a liberdade de expressão de um sujeito? E quando isto passa a ser considerado preconceito? Esse conceito muda ao ser dito por uma pessoa pública e em rede nacional?
A polêmica entrevista no CQC: O direito de resposta do Deputado no CQC: O cargo - no mínimo - contraditório que ele ocupa na câmara: O blog da performance feita em Florianópolis: Discussão entre ele e outra deputada: |
Comentários
Entra novamente a questão de liberdade de expressão, um assunto bem polêmico
Adorei o texto.
Obs: agora 760 gosta- 754 nao gostam do video
-Carol
Uma coisa que me dá muita raiva, é quando pessoas, como esse Bolsonaro, julgam outra, apenas porque ela tem uma opção sexual diferente da dele. Eu penso assim: porque as pessoas não deixam de uma vez por todas de se meter na vida das outras e param de ficar falando o que elas tem que mudar pra ficarem ""perfeitas"". Nascer homossexual, negro, índio ou mulher, desde que o mundo é mundo não é considerado crime, tampouco há como deixar de ser. Pra mim é cúmulo quando um "ex-gay", por exemplo diz que passou a frequentar a Igreja e se "curou". Há como se curar de quem nós somos? Por um acaso ser você mesmo é uma doença?
Beijos, Natália