por Vitória Martins
Todo dia é igual, levar o filho para o colégio, ir trabalhar, buscar o filho, almoçar, voltar ao trabalho... Achei que hoje não seria diferente. Mas quando cheguei na frente do colégio para buscá-lo, por que ele não estava lá como sempre? Será que tinha ido fazer alguma coisa? Estava ainda na sala? Naquele momento, fiz todas as perguntas possíveis e impossíveis para a minha pergunta, liguei para ele e deu na caixa postal. Mas por quê? Será que tinha acabado a bateria? Não sabia mais o que fazer, então decidi procurá-lo, desci do carro e veio a diretora correndo para me dar a pior notícia do mundo: eu não teria mais filho para buscar ou me preocupar ou dar almoço ou ficar lembrando a cada instante que tem alguém que está me esperando, pois ele já não respirava mais. E pensar que hoje de manhã tivemos uma briguinha, não sabemos mesmo quando isso pode acontecer, e essa manhã, com certeza, não foi a melhor que tivemos, e por coisas tão pequenas e tolas que me estressam... Eu realmente não sabia se aquilo estava realmente acontecendo, a única coisa que eu queria naquele momento era abraçar a coisa mais importante no mundo pra mim e, mesmo sabendo que aquilo não seria possível fazer nunca mais, eu queria, e sentia seus pequenos braços em volta de mim. Em algum lugar, eu ouvia ele me chamando e eu queria muito vê-lo por uma última vez, que não fosse chorando, bravo ou irritado, queria ver o sorriso, que, pra mim, era o mais alegre do mundo, eu só queria ir pra casa.
Se eu contasse isso pra vocês há um ano atrás, ou um pouco menos, vocês diriam que isso não poderia acontecer, como iria morrer na aula? Quem mataria? Como mataria? E o mais importante, POR QUE o mataria? Perguntas que talvez não sejam muito difíceis de responder, mas sim de entender.
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