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Capa da invisibilidade*


Por  Aline Iaczinski Bento 

Ser invisível não é passar despercebido pelas pessoas por desinteresse das mesmas, é ter vontade de sair dançando pela rua, mas não o fazer por medo de julgamentos. Ser invisível é optar por um moletom preto e um fone de ouvido com rock no volume máximo, por mais que receba olhares de desgosto. 

Ser invisível não é sentar em uma pedra para olhar o mar por achá-lo bonito, ser invisível é sentar em uma pedra e navegar com os pensamentos junto ao oceano. É chorar sem motivos, rir da mais sem graça piada, sorrir para o amigo mais distante a fim de se tornar pouco menos invisível. É esconder o ciúme, por mais que ele transborde, afogar a raiva apertando o travesseiro, mandar a saudade embora com um simples assopro, fazendo-a voar longe. Ser invisível não é viver em um mundo imaginário, ser invisível é lutar para que o mundo dos sonhos se torne realidade. 

É ainda ser invisível é gostar de ler livros de romance sentado na varanda, rezando para um final feliz. Ser invisível é sonhar com um príncipe encantado, enquanto todas as amigas sonham com o ator febre do momento. Ser invisível é tentar ser emo, mas não conseguir por amar cor de rosa. É  se fingir de boa moça, mas roubar uma maçã da macieira do vizinho.

Ser invisível ainda é escrever os melhores trabalhos, e mesmo sabendo, deixar de apresentar por vergonha. Ser invisível é ter vergonha até do irreal, olhar para o chão ao conversar com alguém, por achar mais fácil do que olho a olho. É roer as unhas até a cutícula sangrar. É caminhar sem rumo, olhando para o céu e desvendando os mistérios das nuvens. 

Ser invisível é comprar tênis de marca para se sentir mais descolado, e mesmo assim não usá-lo. É usar óculos escuro a noite, e guarda-chuva no sol. Ser invisível é ser rebelde e se sentir potente por quebrar as regras, por mais simples que sejam. Ser invisível é ter opinião própria, gostar de cachorro-frio ao invés de quente, preferir rapadura mole à rapadura dura. 

Ser invisível é cantar baixinho durante o banho sem que ninguém perceba. É conversar com a própria mão, como se fosse um melhor amigo, esperando que ela entenda. É dormir sorrindo e acordar chorando, por perceber que planos mirabolantes não passaram de sonhos. É caminhar de olhos fechados, tropeçar e segurar em um qualquer na rua, rir da situação e continuar a caminhar. Ser invisível é viver sua própria realidade, lutando para reconstruir seu próprio futuro.

E você, também se sente invisível?

* Crônica produzida para a disciplina de Língua portuguesa (sob a orientação da prof. Lisiane Vandresen)

Comentários

natalia disse…
Achei o texto bem elaborado e algumas coisas que ele cita algumas pessoas ja fizeram.
Julia Vicente Barbosa disse…
Ficou muito bom, por mim seria a finalista das olimpíadas. Acho que sua capa não é a capa da morte, pois você não é invisível para mim.
Anônimo disse…
Por Mariana Endler
Muito boa a sua cronica... Achei bem criativa e acho que expressou bem como é ser "invisível"! foi bem elaborada e com um bom conteudo, parabens Aline!
Giulia Platt disse…
Sua crônica ficou ótima, Aline, concordo com a Mariana, explica muito bem o que é ser invisível.
Achei a crônica muito legal e fala bem como é se sentir indiferente. Parabéns!