por Júlia,
É pela mídia, pela família e pela escola onde o jovem começa a entender o mundo, quando repensa seus atos e constrói suas ideias. Porém existem muitos assuntos dos quais a família e a escola não têm conhecimento ou interesse e que a mídia não expõe ou distorce. Dois deles trataremos neste texto.
O MST (Movimento dos Sem Terra) e o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) são pouco divulgados ou então são colocados como movimentos de pessoas que não trabalham ou apenas querem reclamar para ganhar alguma coisa sem precisar dela. Isso porque estes movimentos lutam por razões não favoráveis as grandes empresas hidrelétricas ou com os grandes donos de terras.
O MAB e o MST lutam por razões próximas, pela perda ou pelo ganho de terras. Enquanto o Movimento dos Atingidos por Barragens luta por suas moradias ou propriedades que perderam na construção de alguma hidrelétrica, que alagou sua antiga cidade e não os indenizou (ou então indenizou menos do que devia). O Movimento dos Sem Terra luta por terras para construírem suas moradias e poderem trabalhar nelas com o serviço rural, já que há no Brasil grandes terras (como latifúndios) sem apropriação ou uso algum.
É claro que isso é do contragosto das hidrelétricas e dos proprietários de grandes terras, estes últimos muitas vezes esperam anos e anos para que suas terras valham mais, mesmo sem seu uso e com a população na miséria.
Como já dito anteriormente a mídia que está sempre do lado do poder econômico, distorce a ideia dos movimentos e não mostra o lado real da situação. Pois então como é que nós alunos do Colégio de Aplicação da oitava série tivemos acesso a estas informações? É que mesmo não estando em nosso currículo escolar a escola preocupou-se dessa vez de seguir seu dever, como educadora e formadora de crítica. Assim foram propostas duas atividades, a leitura do livro: Por um Pedaço de Terra, e a pesquisa a campo em Itá - a cidade que foi destruída por barragens- e Abdon Batista, em Santa Catarina, local onde os integrantes do MAB planejavam alguns de seus debates e mobilizações.
Foi retirado do livro Por um Pedaço de Terra a apresentação do MST, do modo como se organizam e o perigo que corriam. O personagem Júlio era quem ia levando o leitor a conhecer o movimento. Ele é jovem e está ligado aos gostos de todo adolescente, música, namoro e outros. Ele foi chamado para fotografar a realidade do MST no seu primeiro emprego.
Porém, quando chega ao local de mobilização do movimento ele enfrenta perigos reais , que não estão inseridos apenas na história ficção. Perigos que não apenas o MST sofre, mas, como já visto por nós alunos na saída a campo, presentes também no MAB.
Há por exemplo numa mobilização, das quais o movimento sai para as terras não utilizadas ou então no caso do MAB seria para o meio de trabalho da hidrelétrica, a presença de “Jagunços”, homens contratados para assustar, com o uso de armas as pessoas da mobilização. A trama do livro também mostra que podem acontecer alguns assassinatos.
O livro também fala que ao contrário da distorção da mídia, o movimento é todo muito bem organizado, e que no acampamento em que montam para discussões e planejamentos, as barracas são organizadas em números e com o espaçamento como ruas e bairros. Pudemos notar o mesmo na saída a campo no acampamento do MAB, que trabalha com a mesma organização.
No livro há também a forma como mudou a experiência vivenciada por Júlio em sua vida. Posso dizer que além de Júlio visualizar melhor a realidade do país, ele também pode combater preconceitos urbanos, como a desvalorização das pessoas do meio rural, vendo que pode ser ótimo o convívio com elas. Acho que comigo o mesmo pode acontecer, vi além do que um noticiário ou um jornal podem informar.
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