Uma
semana se passou desde que eu recebi o caderno, e uma semana que o shinigami
apareceu na minha sacada.
Eu
estava me sentindo mentalmente cansada, tinha tido várias provas durante a
semana e ainda tinha o problema do caderno, eu não sabia o que fazer com ele,
não podia deixá-lo em casa, segundo Akira, todos que tocassem o caderno
poderiam vê-lo e ouvi-lo (o que me daria uma baita dor de cabeça).
Além
disso , eu tinha que e decidir, se iria ou não com Akira para o mundo dos
shinigamis, mas segundo ele isso podia esperar. O detalhe é que eu quero ir,
mas para isso tenho que dominar o uso do caderno.
E o
caderno é cheio de pequenas regras.
Tinha
muita coisa além daquele trecho escrito na capa do caderno, todas as regras que
Akira me fala eu copio em um caderninho que cabia no meu bolso.
-
Sabia que a sua aula é um saco? – ele disse enquanto voltávamos da aula.
- Eu
sei – disse, se bem que nos últimos dias nem tenho prestado atenção. Nas aulas
que não são provas prefiro discutir sobre o caderno com o shinigami – eu posso
controlar as pessoas antes delas morrerem certo?
-
Desde que não seja algo impossível.
-
Certo, seria pedir muito se o caderno fizesse tudo, não teria a menor graça.
-
Você vai escrever algum nome?
-
Sim, vou testar até onde o caderno pode controlar as pessoas.
Fui
para casa e agora estou escrevendo nomes de pessoas que eu acho que deveriam
morrer e fazer parecer acidente, nem me afetava mais, ficou corriqueiro para eu
tirar vidas, talvez fosse parte do processo para se tornar um deus da morte. Chame-me
de psicopata o do que você quiser, não me interessa.
-
Sabia que quando um shinigami mata uma pessoa, o tempo de vida que ela tinha é
transferido para o shinigami?
-
Sabia que você já me falou isso umas mil vezes?
-
Sério? – ele disse sarcástico.
-
Daqui a pouco vou acabar escrevendo seu nome aqui... – ameacei, mas não tive o
resultado esperado, Akira riu com gosto, como se eu não pudesse mata-lo.
-
Você não pode matar um shinigami dessa forma.
-
Como eu mato um? – parei de escrever.
- Eu
não faço a menor ideia – ele disse, a sombra de um sorriso ainda estava em seu
rosto – sou um shinigami novo.
- É
inútil – voltei ao meu trabalho. Isso fez ele se calar, por meia hora pelo
menos.
-
Que morte exige tanto esforço?
- Eu
não disse que ia testar a veracidade do caderno?
- O
que você escreveu?
-
Não te interessa, odeio quando a pessoas leem o que eu escrevo, mesmo que você
não seja mais uma pessoa.
-
Pelo menos me diz,shinigamis também ficam curiosos.
-
OK, se não você vai continuar a me irritar e vai pedir um hambúrguer, certo?
-
Sim, e hambúrgueres são bons.
-
Deuses da morte não precisam comer, por que você gosta tanto de hambúrguer?
-
Sou guloso – ele deu de ombros – e não se desvie do assunto.
-
Certo, certo, - eu disse enquanto me jogava para traz na cadeira – o primeiro
vai se suicidar e deixar uma carta, o segundo vai ser atropelado enquanto
caminha na rua e o terceiro vai morrer com uma bala no meio da cabeça enquanto
tenta assaltar uma loja no centro da cidade em que ele vive.
- Só
três? Você levou um tempão só para escrever três mortes!
-
Não enche.
-
Olhe que eu te mato.
-
Você não pode. Só se eu disser que não vou para o mundo dos shinigamis com
você.
Ele
fez uma careta esquisita e se deu por derrotado, senti o doce gosto da vitória,
seria melhor ainda se os donos dos nomes que escrevi morressem da forma que eu
desejei e na hora que eu estipulei.
-
Sabe de uma coisa?
Ele
sempre diz isso quando vai falar algo que tenha relação com o caderno.
- O
que?
-
Shinigamis só precisam olhar para o rosto de um humano para saber o seu nome e
o seu tempo de vida.
Agora,
isso é interessante, seria uma habilidade incrível para qualquer um que tenha o
caderno. Parei de arrumar minha mesa e virei-me para ele.
-
Como?
- Os
olhos de um shinigami são especiais. Se você se tornar um, vai ter esses olhos
e também um par de asas.
Ótimo,
mais uma coisa para quando eu virar um shinigami. Ele realmente quer que eu me
torne um deles, às vezes, tenho a impressão de que essa é a missão dele.
-
Ei, Akira – disse enquanto me levanto e vou para a cozinha.
- O
que Paula?
-
Por acaso é sua obrigação me levar para o seu mundo?
-
Digamos que sim.
Ele
não falou mais nada por mais que eu perguntasse, suas respostas eram vagas e
curtas havia algo que ele não queria me contar.
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