por Laura,
Virei
à cabeça em direção a voz, que eu me lembre, estava sozinha em casa e meus pais
não deviam chegar antes das oito, e aquela voz, era humana. Disso eu tenho
certeza. Mas o dono dela não, apesar de parecer.
Era
de um garoto, um pouco mais velho do que eu de rosto fino cabelos negros e
lisos na altura do ombro, pele pálida, olhos negros como a noite, usava uma
jaqueta de couro preto lustroso, jeans e tênis também pretos, passaria por uma
pessoa comum, exceto pelas asas.
Asas
como as de um anjo, enormes, saiam das escapulas, mas ao invés de serem alvas
como as de um anjo, eram negras iguais a de um corvo.
Ele
estava na sacada em cima do parapeito me observado com um sorriso esboçado no
rosto, tão expressivo quanto uma folha de caderno em branco.
-
Quem é você? – perguntei, devia ser um sonho, pessoas não têm asas.
- O
antigo dono do caderno – ele disse, entrando na minha casa como se fosse um
conhecido – o shinigami.
-
Desculpe minha ignorância, mas o que é um shinigami?
-
Deus da morte, Paula. – ele disse, sentando em uma das cadeiras da sala. Levei
alguns segundos para raciocinar.
-
Como você sabe o meu nome?
Ele
não respondeu.
- As
formalidades antes disso, eu sou responsável por acompanhar o humano que
possuir o caderno que eu deixei cair neste mundo e ensinar a este humano como
usar o caderno, é minha função falar as regras do caderno para o humano, e, se
o humano quiser, tornar-se um shinigami. É isso que eu tenho que te falar por
enquanto.
Muito
legal, um cara estranho entra pela janela do meu apartamento, no sétimo andar
de um prédio, falando sobre um caderno que eu achei na rua e além do mais, o
cara diz ser um shinigami. Parece mais um sonho, mas eu sei que não tenho capacidade para sonhar isso.
-
Você tem que me explicar como usar o caderno?
-
Sim – ele sorriu com escarnio – mas isso não significa que eu vá falar tudo de
uma vez, eu não sou um professor. Aprenda sozinha, as coisas não caem do céu.
Achei essa frase irônica, um caderno que mata
pessoas caiu do céu nas minhas mãos. Mas entendi o que ele me disse. Eu devia
correr atrás do que eu precisava.
-
Argh, que complicação – bocejei – você vai ficar aqui?
- É
outra das minhas funções – ele disse.
Passei
a mão nos cabelos, curtos repicados, e peguei o controle remoto do videogame,
liguei-o e sentei-me.
-
Qual o seu nome?
-
Akira.
Akira.
Interessante.
Comentários