Por Ana Beatriz,
O feminismo negro é uma vertente do feminismo, no qual é protagonizado por mulheres negras, e o mesmo se tornou mais popular no final da década de 1960, nos Estados Unidos, por tamanha necessidade, já que, o fato de ser mulher em uma sociedade tão machista, misógina e patriarcal já era motivo de pouca inclusão social, logo, ser mulher preta, a situação piorava ainda mais na maior parte dos aspectos, justamente por haver tanto preconceito racial dentro do próprio movimento feminista - uma minoria dentro da minoria.
Na história em si, diversos nomes femininos são estupidamente apagados, o que torna pior quando se trata de uma mulher negra, essa invisibilidade aumenta drasticamente e de maneira surreal quando se trata das mesmas - como Bessie Coleman, a primeira mulher negra a conseguir licença para atuar como piloto internacional no EUA; Glória Maria, a primeira repórter negra da televisão brasileira; Esperança Garcia, a escrava piauiense escreveu, em 1770, uma das mais antigas cartas de denúncia de maus-tratos contra negros, entregue ao governador da então província de São José do Piauí; Tia Ciata, é considerada uma das figuras mais influentes da origem do samba. No início do século XX, a mãe de santo promovia rituais religiosos e famosas rodas de samba carioca partido-alto na Praça Onze; Carolina Maria de Jesus, foi uma importante escritora brasileira. Em seus cadernos, descrevia sua vida na favela e seu dia a dia em São Paulo, tendo como sua obra mais famosa “Quarto de despejo”, publicado em 1960. Dandara dos Palmares, foi uma guerreira negra do período colonial do Brasil. Após ser presa, suicidou-se se jogando de uma pedreira ao abismo para não retornar à condição de escrava; Irmã Rosetta Tharpe, de Greenville, Carolina do Sul, cujo talento musical teve grande papel no nascimento do Rock and Roll. É sim motivo de comemoração ver mulheres negras conquistando espaços grandiosos na sociedade hoje em dia, pois sempre foram alvo de hipersexualização ou piada e vê-las alcançando o topo, é magnífico.
Infelizmente é triste perceber que inicialmente, elas precisam conquistar seu espaço dentro do próprio movimento que diz “lutar por elas” e desconstruir a imagem submissa criada e mostrada na maior parte da história em todo esse tempo. Acaba sendo preocupante comparar dados atuais de mulheres brancas e negras - como salário, realidades, oportunidades, violência, padrões impostos… É ruim ver que a autoestima da mulher negra virou motivo de piada hoje em dia, como dizer que as mesmas tem “cabelo duro”, “cabelo ruim” e acaba sendo pior quando as pessoas não veem problema nisso.
São coisas que infelizmente muitos não veem ou optam por não ver, mas que precisa ser discutido dia após dia, para ganhar mais espaço, voz e visibilidade na sociedade.
geledes.org.br/feminismo-negro-sobre-minorias-dentro-da-minoria/
nossacausa.com/negros-no-brasil-quem-foi-dandara-dos-palmares/
Créditos para imagem: revistacult.uol.com.br/home/feminismo-negro-para-alem-de-um-discurso-identitario/
Comentários