Revolução francesa: O que significa o dia 14 de julho aos franceses e ao mundo?

Revolução francesa: O que significa o dia 14 de julho aos franceses e ao mundo? - Parte 2

Por Isadora Shah

Em meio ao processo revolucionário, continuo a contar a história que foi muito marcante e fundamental para compreender a sociedade de hoje. Convido a leitura da parte 1, caso você esteja iniciando por aqui.

Em 1793, a Assembleia Constituinte se divide e começa o conceito que conhecemos de Direita x Esquerda. Era como cada um se sentavam diante do rei, de um lado os Girondinos (direita), que representavam a alta burguesia e queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política, e de outro, os jacobinos (esquerda), que representavam a baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo e profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres.

Posição dos girondinos e jacobinos diante do rei, conceito Direita x Esquerda. Obra de Isidore-Stanislaus Helman (1743-1806) e Charles Monnet (1732-1808).

Com a morte do rei, é proclamada a República. Os Girondinos tomam o poder, mas logo perdem para os Jacobinos, conquistando o fim da escravidão nas colônias, o fim dos direitos feudais sobre a terra, tendo inclusive uma distribuição de terras na França e o fim do voto censitário (só para quem tinha renda, pouca parte do povo), transformando o voto universal masculino (as mulheres ainda não tinham direito ao voto). Porém, por receio das pessoas que eram contra a revolução, a história diz que formou-se um regime ditatorial comandado por Maximilien Robespierre, que ficou conhecido pelo chamado “período do terror” por ocasionar muitas mortes, e com isso perderam o apoio popular. Os Girondinos passam a governar novamente, inclusive revertendo o voto universal para o voto censitário, privilegiando a burguesia.

Com tudo isso, o fim da Revolução Francesa só se dá realmente em 1799, quando Napoleão Bonaparte, um militar bastante conhecido por suas batalhas, promove o chamado Golpe do 18 Brumário - que representa um dia no calendário revolucionário francês, criado durante a revolução, o mesmo que 9 de novembro de 1799 no calendário gregoriano - e o poder passa a ser exercido por três cônsules, sendo o primeiro-cônsul, Napoleão, tendo a palavra final nas decisões. É um período marcado por trazer estabilidade política e desenvolvimento econômico à nação, não visto há quase 10 anos cheios de instabilidades e insatisfação popular. Mais tarde, torna-se Napoleão I, o imperador dos franceses, através de plebiscitos (voto popular).

Atualmente, conhecendo a história, percebemos facilmente o quão importante foi esse movimento cheio de reviravoltas, que ao mesmo tempo deram direitos a todos, trazendo transformações políticas, a abolição das monarquias absolutas, o início de monarquias constitucionais e repúblicas, separação dos poderes: executivo, judicial e legislativo, a criação de constituições, a abolição dos privilégios feudais, igualdade, liberdade de expressão e inclusive o direito à propriedade privada, mas destaque ao privilégio permanente da burguesia. Com o princípio iluminista do liberalismo, positivismo e o direito da liberdade são as bases do sistema econômico capitalista - sistema que se mantém até hoje e que se desenvolveu socialmente na desigualdade de classes.

Obra de Eugène Delacroix, 1830 - La liberté guidant le peuple (tradução: A liberdade guiando o povo), exposta no Palácio do Louvre.

Valeu o dia! Valeu uma pesquisa.

No final do dia da comemoração, a concentração passou a ser em frente a Torre Eiffel (que inclusive foi construída para comemorar 100 anos da Revolução Francesa, construída em dois anos para ser inaugurada em 1889), para o concerto lírico da Orquestra Nacional da França, com um palco todo iluminado e recebendo grandes influências da música clássica francesa e mundial, encerrando com um show de luzes e fogos com sincronização musical na Torre Eiffel, que durou 35 minutos. Todo ano a festa tem um tema diferente, o desse ano foi o Amor.