Por Beatriz Pereira
O choque cultural que se deu entre os portugueses e os índios no Brasil têm diversas raízes históricas. Parte disso foi resultado do forte “senso de posse” dos portugueses que estavam buscando terras e lucros nos tempos das “grandes navegações”. Procuravam matéria prima (quando os metais in natura não eram descobertos) que ao ser vendida gerava lucro para Portugal. Com o apoio da Igreja Católica, partiram em 1500 rumo as Índias por um “caminho alternativo” e pararam aqui, onde atualmente se localiza o Brasil.
Os portugueses ao chegarem se depararam com seres que estavam seminus, que não “comiam comida”, que andavam com a pele pintada e que “não tinham casa”, então ficaram horrorizados, primeiramente porque os indígenas[1] não usufruíam das “tecnologias” que eles estavam acostumados. Tudo isso fez como que os portugueses se colocassem como superiores e passaram a tratar os indígenas como se fossem “inferiores atrasados”. Pero Vaz de Caminha, que era cristão e português, ao pensar e relatar tudo isso através carta endereçada a Dom Manuel (Rei de Portugal) concluia que os mesmos eram tão inocentes que não sabiam que estavam vivendo em pecado.
Outra coisa que levou os portugueses a relacionarem os indígenas a pessoas selvagens foi o fato de que os Tupiniquim (os primeiros índios a terem contato com os europeus) eram canibais. Suas sobrevivências dependiam das guerras com as tribos que invadiam suas terras. Na cultura deles quando se ganhava uma batalha prendiam os perdedores, os matavam, cortavam, cozinhavam e os comiam. Em geral, as mulheres faziam mingau com as tripas dos inimigos, após extraírem o caldo.
Os indígenas, inicialmente, trocavam o pau-brasil por bens manufaturados, como ferramentas, espelhos, miçangas e tecidos coloridos. Por algum tempo esse escambo foi pacífico, e aparentemente nenhum levava maior vantagem pois ambos estavam deparando-se com coisas “novas e boas”. Porém depois de algum tempo os portugueses começaram a escravizar e até matar os indígenas, e mesmo em grande número, grande parte não resistiu, pois as flechas não ganhavam das armas de fogo.
Ao contrário dos portugueses, os indígenas não tinham noção de propriedade e viviam em total harmonia com a natureza, não pensavam em lucrar e viviam em uma economia de subsistência. Homens e mulheres tinham diferentes papéis na sociedade e a educação de uma criança se dava por toda aldeia e não só pelos progenitores.
Todos esses fatores levaram a desvalorizaçãodo indígena em relação ao português do ponto de vista europeu. Atualmente, ainda existem certos preconceitos com as sociedades indígenas. Muitas pessoas ainda os chamam de selvagens, porém eles só têm (ou tinham, antes do contato com o homem branco) uma cultura diferente, uma crença diferente, uma alimentação diferente e um olhar diferente em relação ao ambiente em que vivem. Tanto que muitos indígenas que sempre viveram no mesmo território foram expulsos por não terem um título de propriedade, sendo que, até algum tempo atrás, eles não tinham noção de posse. Como tudo que é diferente, eles merecem ser respeitados, independente do que comem, vestem ou pensam. E também devem ter direitos garantidos, em relação às terras que foram desapropriadas há muitos anos atrás, por pessoas que só pensavam em lucrar, em possuir, em dominar.
Referências:
RODRIGUE, Joelza Ester. História em documento: imagem e texto. São Paulo:FTD, 2006.
AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História em movimento. Volume 1. São Paulo: Editora Ática, 2010.
* Atividade produzida como parte das avaliações de História (Prof. Fernando Leocino).
Comentários
gostei do texto da beatriz pq ele tem a ver com assuntos estudados em sala só falado a sua forma
e jeito e também que foi uma das atividades realizadas em sala isso mostra o aeu interesse nas aulas e no que estamos fazendo!