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As “heranças” neocolonialistas na África

Por  Ana Luiza,


Para sustentar o desenvolvimento europeu e a primeira revolução industrial, a Europa precisava de uma fonte de matéria prima e mão-de-obra (a mesma que já era utilizada nas colônias na América), portanto devido a perda de influência política, principalmente, na América do Sul, alteraram seu alvo para o continente africano, em busca das riquezas de suas terras.

O comércio de escravos havia sido uma atividade extremamente frenética, visando sustentar o cultivo da cana-de-açúcar, algodão e a extração de minérios nas Américas - cerca de 10 milhões de escravizados desembarcaram em nosso continente, sendo este total já descontado todos àqueles que morreram durante a viagem -, todavia ela ainda continuava, porém agora em menor escala e dentro da própria África, predominantemente.

Os Estados europeus transformaram o continente africano em colônias de acordo com suas respectivas metrópoles. A Conferência de Berlim (1884), “dividiu” os territórios da terra denominada, entre as potências da época: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra e Portugal; as quais tinham o interesse de implantar plantations (grandes propriedades agrícolas monoculturas, produtoras de matérias primas destinadas à exportação), assim atendendo seus próprios interesses e necessidades.

Assim que partilhada a África; com o desenvolvimento bélico e de grandes exércitos que davam garantia da vantagem europeia nos conflitos, o chamado “controle formal”, direto, foi assumido pelas tais potências dominantes; o povo nativo resistiu fortemente, todavia os esforços não resultaram em desistência por parte dos “invasores legais”. 

Dentre a defesa das identidades africanas, se destacaram grandes nomes, como é o caso de Samori Touré, era um dos chefes que se opunha à dominação francesa por uma vasta região da África Ocidental (a oeste), morreu em 1900, após 17 anos de intensas lutas.

São evidentes os impactos que foram deixados, a maior parte deles negativos e que se estendem até os dias atuais, como as constantes guerras civis entre etnias historicamente adversárias que foram confinadas entre fronteiras artificiais estabelecidas a partir da divisão das áreas do continente. Além deste fator, o impacto negativo ainda se deu no sistema produtivo artesanal, sistema produtivo agrícola africano (que foi substituído por plantations); repressão de características sociais, culturais e religiosas. A “herança” que pode ser vista como positiva é a construção de estradas e ferrovias que para atender interesses das metrópoles ligavam as zonas rurais e de extração mineral aos portos; contudo como consequência paralela, ocorreu também a eventual integração dos povos.
O racismo, brutalmente, foi disseminado, pregando suas ideologias da superioridade do homem branco, e ao mesmo tempo a inferioridade do colonizado. Nesse processo de colonização africana, os brancos criaram comunidades próprias, separadas da população negra (segregação). Na África do Sul ocorreu o mais cruel e violento exemplo de racismo; a Nação era vinculada a um regime oficial, presente na sua constituição, de segregação racial; as leis davam sustentação ao Apartheid, algumas delas reafirmavam e consequentemente tornavam legais perante a lei condutas do tipo: a proibição de união afetiva inter-racial; o registro obrigatório da “raça” na certidão de nascimento; a divisão de espaços públicos, como por exemplo, escolas, hospitais praças em ambientes para brancos separadamente; dentre muitas outras verdades legislativas absurdas tais como as anteriores.

Entre os anos de 1984 e 1993 essas leis foram abolidas, e com certeza a vitória de Nelson Mandela na primeira eleição multirracial ocorrida, justamente, em 1993 impulsionou bruscamente o fim desse regime causador de milhares de mortes diante dos conflitos por busca de igualdade de direitos entre brancos e negros. Infelizmente resquícios de tal preconceito fútil ainda estão presentes não só na África do Sul, mas em todo o mundo, fruto da ganância etnocêntrica da Europa desde os princípios das relações global.


Fontes, referências e imagens:

MELHEM, Adas e Sergio, Expedições Geográficas. Geografia. São Paulo: Moderna, 2014. (9º ano)

https://blog.estantevirtual.com.br/2018/07/18/100-anos-de-nelson-mandela-icone-da-luta-contra-o-apartheid/

http://www.resumofotografico.com/2016/06/a-foto-que-colocou-o-mundo-contra-os-horrores-do-apartheid.html

https://www.sapromo.com/news/apartheid-turd-cannot-be-polished/

http://tanahistoria.blogspot.com/2011/09/apartheid-chaiane-e-jaqueline-81.html

https://afrolegends.com/tag/samori-toure/page/2/

https://www.coladaweb.com/historia/colonizacao-da-africa

http://nostemposdalitetatura.blogspot.com/2014/08/charges-descobrimento-do-brasil.html

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