Carol Gomez
Sempre que nos vem à mente o assunto do “descobrimento”, exploração e colonização dos espaços do mundo, dos continentes, nos lembramos de violência e glória, riqueza e pobreza, diferenças e semelhanças. Nem sempre tentamos enxergar os dois lados da moeda; as duas perspectivas. E muitas vezes simplesmente ignoramos todo o choque cultural que ocorreu nesse período.
Parece mais fácil olhar e imaginar o passado com os olhos do presente. Mas devemos ter o cuidado, já que em muitos casos ainda prevalecem textos, livros apenas com a visão do “conquistador”.
Uma praia brasileira. O mar verde-azulado embalando as caravelas em sua dança, o sol refletindo nas velas brancas do navio. É avistada a terra. Como seria o primeiro contato? Com certeza chegaram a um lugar que não era a Índia e encontraram povos nativos que lá habitavam.
A primeira visão foi chocante. Os nativos não usavam roupas (como os europeus); andavam nus. Não falavam o mesmo idioma e nem comiam as mesmas coisas. Mas algo ambos os grupos tinham em comum: a curiosidade pelo desconhecido.
Aos poucos viram que a troca mútua de conhecimento e, é claro, mercadorias, principalmente, poderiam ser úteis. Ambos os lados acreditavam estar lucrando. Os nativos se fascinavam com os objetos trazidos pelos europeus, e estes viam o que aquela terra e aquela gente poderiam oferecer-lhes. Para ambos aquela era a visão do paraíso.
Os europeus começaram a impor sua cultura, sua religião logo que chegaram. Trouxeram a terra um marco que duraria até os dias de hoje, ou pelo menos o significado: uma cruz. Símbolo da religião católica. Aquilo demonstrava aos portugueses que aquelas terras lhes pertenciam e que eles vinham em nome da Igreja, de Deus.
Havia um tratado, o de Tordesilhas, firmado pelo Papa que dava direito das terras a oeste da “linha” para a Espanha, e as ao leste pertenceriam a Portugal.
A religião também seria imposta a força. Assim como muitas outras coisas.
No início a convivência era boa em muitos lugares. Os nativos buscavam o Pau-Brasil, principal produto exportado dessas terras, e os levavam para as feitorias, cortados, em trocas de coisas como: espelhos, machados, roupas, talheres, etc. Com a chegada de outros navios, de outros reinos europeus iniciou-se a disputa para ver quem conseguiria a lealdade e o trabalho dos nativos. Houve alianças entre os europeus e tribos nativas que guerreavam, estimulando assim a rivalidade e as lutas.
Por que os europeus vinham de tão longe buscar algo que havia em abundância nesta terra? Por que os nativos trocavam quinquilharias por uma madeira que poderia ser comercializada? Essas são perguntas que eu me faço, e provavelmente que ambos os lados se faziam. Era complicado entender e ainda é. Todos esses povos que aqui viviam eram diversos, eram diferentes nações, mas mesmo assim foram tratados como uma única “espécie” pelos europeus.
Não é fácil tomar uma posição neutra, mas também é difícil ter uma posição a favor dos europeus ou nativos. Os nativos acreditavam estar ganhando com a negociação entre eles e os europeus, mas foram dizimados por doenças e lutas. Os europeus não eram bobos. Aproveitaram-se de tudo isso.
Acredito que para podermos analisar os acontecimentos e os pontos de vista, seria necessário voltar ao passado, apenas como um simples observador, tentando ser o mais neutro possível, sem interferência de culturas e pensamentos. Sim, tudo isso seria meio impossível, mas fica a dúvida: de que lado eu ficaria? Talvez se eu continuar a pensar descubra. Ou não.
Enfim, nos cabe tentar entender como tudo aconteceu, se questionar e pesquisar. Faz parte de quem somos termos ousadia. Sejamos ousados!
E você, caro leitor, vai embarcar nessa viagem cheia de contradições e mistérios do passado? Vai se deixar levar pela curiosidade?
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