Por Igor Régis
Após a viagem das oitavas séries do Colégio de Aplicação ao município de Itá (SC), para conhecermos o lugar, a história, e a Usina Hidrelétrica Itá, eu decidi escrever um texto sobre esta cidade que sofreu uma grande mudança após a criação da hidrelétrica. Por conta da extensão do seu lago o centro urbano do município teve que ser deslocado a uma distância de 4km de sua antiga localização. “Essas mudanças foram boas?”. Durante o texto esta pergunta será respondida, mas antes disso penso que é importante entender sobre o funcionamento de uma hidrelétrica.
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| Torres da antiga igreja de Itá (SC) tomada pelas águas da barragem. |
A energia hidrelétrica é uma alternativa energética renovável que produz uma grande quantidade de energia, principalmente em lugares de grande potencial hidrelétrico, como no caso do Rio Uruguai. Antes de falar do quanto às hidrelétricas afetaram a zona do município de Itá, é interessante entender como o uso da água vira energia elétrica.
O processo começa quando a água vai até a zona da hidrelétrica através da construção de desvios (no caso da Usina Itá foram retirados aproximadamente oito milhões de toneladas de terra). A água passa pelo canal que leva a um duto circular chegando até a turbina. Com a movimentação da mesma acontece a conversão de energia hidráulica em mecânica, gerando a energia elétrica, que é transmitida as linhas de distribuição de energia – como demonstra a figura abaixo.
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| Funcionamento de uma hidrelétrica |
Apesar das grandes vantagens com essa produção de energia, a Usina Itá também trouxe algumas desvantagens à população.
A Usina Hidrelétrica Itá em verdade não está localizada no município de mesmo nome, mas sim em Aratiba (RS), que fica do outro lado do Rio Uruguai. Apesar de trazer muito turismo, no meu ponto de vista, não há tantas vantagens para os cidadãos de Itá.
De fato houve a mudança para a “nova Itá” trazendo benefícios à população, mas isso não teria acontecido da mesma forma se não fosse a contribuição do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Outro fator é que grandes extensões de terra no entorno do Rio Uruguai deixaram de servir para atividades de agropecuária por conta do lago. Sem contar que o alagamento foi fator para o abandono de “velha Itá”.
Apesar disto a administração da hidrelétrica, representadas pelo CDA (Centro de Divulgação Ambiental), afirma que animais e plantas foram e continuam sendo resgatados nas zonas que a hidrelétrica afetou, mas há controvérsias, já que alguns participantes de MAB alegam a existência de problemas ambientais na área.
Conversamos durante nossa visita com alguns moradores e ex-moradores de Itá. Para os ex-moradores, que saíram após a construção da hidrelétrica, houve um sentimento horrível ao terem que abandonar seus amigos, além de deixarem o lugar em que foram criados. Houve, também perda de muitos laços familiares, devido a mudança de alguns parentes. Alguns moradores também falaram que sofreram quando seus vizinhos foram embora. Afirmam que apesar da cidade ter ficado mais bem estruturada, sentem falta de alguns lugares que marcaram suas infâncias, como o campo de futebol que tinha na “velha Itá”. Essas pessoas, como deu para perceber, não eram contra a nova Itá, já que lutaram para consegui-la, só não queriam abrir mão da velha. Além disso, existiu uma aparente rivalidade entre os moradores da velha Itá e os trabalhadores da barragem e suas famílias.
Atualmente os problemas descritos pelos entrevistados continuam. Membros do MAB nos afirmaram que a Justiça ao longo dos processos se mostrava um tanto parcial, e contra eles. Um deles nos contou que “dos mais de mil casos que foram ao tribunal, apenas três foram a favor dos atingidos por barragens em Itá”. Apesar disso, outro dado importante falado pelos membros do MAB é que o espaço urbano de Itá foi um dos poucos casos em que houve um resultado, do ponto de vista deles, justo.
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| Vista aérea da nova Itá |
Uma questão realizada na entrevista foi bastante importante para entendermos a problemática da geração de energia: “Para vocês existe uma alternativa energética melhor?”. Um dos membros nos respondeu que a solar é uma grande fonte a ser explorada, além da eólica que é considerada a mais ecológica. No entanto, afirmou que: “Não houve interesse em outra fonte energética que não fosse à hidrelétrica”. Uma controvérsia, já que no CDA, foi-nos dito que a energia hidrelétrica é a que traz o melhor custo-benefício, principalmente em Santa Catarina.
Com tudo isso considero que as hidrelétrica trouxe uma melhor infra-estrutura e até uma cidade melhor para o povo de Itá. Trouxe benefícios, mas como vimos, também alguns danos, acabando muitas vezes com sentimentos de amizade devido aos moradores que seguiram caminhos diferentes. Enfim, existem coisas boas e outras ruins, e isso varia com a interpretação de cada pessoa. Mas de tudo uma pergunta não me sai da cabeça: “Por que não se considera outro meio renovável de energia?” O que você acha leitor? Palpite! Dê sua opinião!
Créditos das imagens:
1 – Acervo pessoal – Mateus R. de Alencar.
2 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_hidrel%C3%A9trica acesso em 30.mai.2011.
3 - http://www.cacador.com.br/conttur/ita.htm acesso em 30.mai.2011.
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