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Pedofilia, o que é?

Por Amanda Cardoso,
Título chamativo, não? Nesse post irei falar sobre pedofilia, e outros assuntos profundamente associados com esse nome.

Antes de tudo, acho importante deixar claro que não escrevo este texto de maneira a julgar se algo deveria ou não ser legal, afinal, não sou eu quem decido isso. Aqui apenas reporto dados e explicações sobre o assunto e outras informações relacionadas, o meu único objetivo com este texto é informar os leitores.

Primeiramente, o que é pedofilia?
Pergunta que muitos vão saber a resposta, afinal, é um nome constantemente ligado a notícia de crimes e abusos, mas você sabia que na mídia, o nome “pedofilia” é constantemente usado, indiscriminadamente.
O que é Pedofilia

Segundo o “Manual de Diagnóstico e Estatísticas de Transtornos Mentais”(DSM-5), parafilias (qualquer interesse sexual maior ou igual a interesses sexuais considerados normais) podem se encaixar em duas categorias: Parafilias e Transtornos Parafílicos. Para explicar de maneira mais fácil o critério que diferencia ambas categorias uso o mesmo exemplo dado pelo DSM-5:

“No conjunto de critérios diagnósticos para cada transtorno parafílico listado, o Critério A especifica a natureza qualitativa da parafilia (ex., foco erótico em crianças[...]), e o Critério B especifica suas consequências negativas (i.e., sofrimento, prejuízo ou dano a outros). Para manter a distinção entre parafilias e transtornos parafílicos, o termo diagnóstico deve ser reservado a indivíduos que atendam aos Critérios A e B (i.e., indivíduos com um transtorno parafílico). Se um indivíduo atende ao Critério A mas não ao Critério B para determinada parafilia [...], pode-se dizer, então, que ele tem aquela parafilia, mas não um transtorno parafílico“ - DSM-5

Isso, no caso, são os “rumos” do conceito de uma parafilia visto de maneira profissional, mas ainda assim, no cotidiano, a distinção entre ambos não é feita.

Agora, falando sobre o significado profissional de pedofilia (atração por pessoas pré-púberes, em geral, 13 anos ou menos), considerando tudo que observamos na mídia, percebemos que o nome pedofilia é dado até para atrações que não se encaixam exatamente em tal critério. Apresento-lhe outros dois nomes (que não serão alvo da pesquisa) que muitas vezes são esquecidos, e apenas substituídos (muitas vezes, erroneamente) pelo termo pedofilia:

● Hebefilia, que —segundo a Wikipédia— ela se caracteriza pelo “forte e persistente interesse sexual de um adulto em indivíduos púberes ou recém-púberes (pré-adolescentes), tipicamente entre 11 e 14 anos”
● E Efebofilia, que —também segundo a Wikipédia— é o: “interesse sexual primário por indivíduos no fim da adolescência, geralmente com idades entre 15 e 19 anos”

Bom, agora que já estamos familiarizados com o que é a pedofilia, acho interessante discutirmos outros assuntos relacionados com este distúrbio.

Quem tem pedofilia?
Pedofilia é reconhecida majoritariamente em pessoas do sexo masculino. Dado o quão complicado é de as pessoas compartilharem que possuem este distúrbio, é estimado que cerca de 1% até 5% da população masculina possui este distúrbio.

Isto não exclui o fato de que pedofilia também possa existir em pessoas do sexo feminino, mas são poucos os registros. O jornal Pscyhology Today comenta sobre as estatísticas de pessoas abusadas por pessoas do sexo feminino: “Um estudo descobriu que, entre as vítimas de abuso infantil, de 6% até 24%, reportaram serem abusados por uma pessoa do sexo feminino“ - Psychology Today (2022)

Ainda assim, a resposta de quantos pedófilos do sexo feminino existem é incerta. Não é possível estimar o percentual da população feminina com pedofilia, já que, nem todos os casos de abuso infantil não são cometidos por pessoas com o transtorno pedofílico.

Todos os pedófilos são abusadores?
Agora, ainda como uma continuação da última questão respondida: você sabia que pedófilos não fazem parte da maioria de acusados por abuso sexual de menores?

Segundo o EnoughAbuse.ORG—uma campanha contra abuso— “O maior grupo de abusadores sexuais é chamado de “abusador situacional”.

Abusadores Situacionais são aqueles nos quais não fazem a diferenciação entre gênero, sexo, idade e outros fatores. Não se prendem a certas características e abusam de pessoas no qual a situação torna o abuso mais fácil: “para certo tipo de abusadores, as crianças são apenas alvo de ocasião, não diferindo de quaisquer outras pessoas vulneráveis que têm o azar de cruzar o seu caminho” – (SCHECHTER, 2018).

Pedofilia é crime?
Complicado não? Mas acredito que com todas as informações de antes, com alguns consensos sobre leis (claro, leis mudam por todo o mundo) podem nos ajudar a responder essa pergunta.

De maneira curta, não, pedofilia em si não é crime. Pedofilia é uma doença, mas não crime.

Algo que em muitos países é ilegal são: pornografia infantil e abuso sexual de menores, tais atos se encaixam mais na classificação de Transtorno Pedofilico, já que opõe riscos a alguém, seja a vítima ou o acusado.

Ainda assim, existem países no qual as leis não aplicam nenhuma punição a posse de pornografia infantil, enquanto isso, há também a distinção se é fictícia ou real.

Alguns países que não possuem restrições em relação a posse de pornografia infantil, tanto real quanto fictícia são: República Centro Africana, Guiné Equatorial, Somália, Dominica e Santa Lucia.

O que causa pedofilia? Tem cura?
Não houve nenhum estudo até os dias de hoje que encontre a razão por trás de transtornos pedófilos, mas existem estudos sendo feitos visando descobrir a raiz de certos distúrbios mentais.

Há também uma relação entre a pessoa que possui a parafilia/transtorno de também ter sido vítima de abuso infantil. Isso pode ser um fator que aumente a probabilidade de a vítima desenvolver o transtorno, ainda assim, não se sabe o quão provável disso acontecer.

“Um estudo controvérsio feito em 1998 que mostrava a habilidade de vítimas de abuso sexual infantil de se recuperarem foi ridicularizado pelo congresso como uma maneira de defender a pedofilia[...] Ao mesmo tempo, Berlin e Plante (Pesquisadores do estudo) disseram que muitos de seus pacientes que são pedófilos adultos foram abusados enquanto crianças.” – (ERIC NILLER,2011).

A pedofilia — como muitos outros distúrbios — não tem cura. Ela dura a vida toda, porém, a pessoa que sofre com o distúrbio pode sim aprender a controlar seus impulsos e desejos através de terapia.

Em dois artigos usados para esta pesquisa (PSYCHOLOGY TODAY,2022; WIKIPEDIA, 2022), é comentado que uma certa substância usada para tratar câncer de próstata em homens mais velhos, também é usada para diminuir os níveis de testosterona de pedófilos. Esta reação química pode aliviar os impulsos sexuais que um pedófilo pode ter.

Em adição a isso, o Psychology Today comenta sobre as possíveis causas de pedofilia, e tais complementam a maneira de “tratamento” citada acima: "Psicólogos estão investigando uma possível ligação entre hormônios e o comportamento, especialmente as questões relacionadas agressividade e os hormônios sexuais masculinos” (PSYCHOLOGY TODAY, 2022).

Fechamento
Este é um assunto fortemente ligado a polêmicas, o que me deixou apreensiva de falar sobre, mas ainda assim, achei importante falar, já que sempre me indigno quando vejo este termo ser aplicado para qualquer pessoa sem tomar em conta o seu verdadeiro significado, e se pode ou não ser aplicado corretamente para certa pessoa. O meu objetivo com este texto não é incentivar pedofilia, abuso sexual de menores, ou pornografia infantil, e sim, informar os leitores.

Espero que tenha gostado do texto e aprendido algo com o assunto.

Obrigada por ler até aqui.

Fontes:

Serial Killers:Anatomia do Mal, DARKSIDE

Créditos da imagem:
https://www.freepik.es/fotos-premium/nina-maltratada_19070256.htm#query=pedofilia&position=1&from_view=search

Comentários

Camila Schott Grechi disse…
Oi Amanda, sou a Camila do 8°c e queria elogiar imensamente seu texto. Realmente, esse é um tema pouco abordado e de grande importância, e, assim como você mesma reforçou no final, os objetivos com informação é apenas informação. Pois se estivermos informades sobre como essas coisas são e funcionam, é menos provável que sejamos vítimas deles, e, se por desventura alguém acabar sofrendo esse tipo de coisa, ao saber a gravidade desse tipo de tema, não vai hesitar em denunciar. Amei seu texto! E reforçando: a culpa nunca é da vítima. Parabéns.
Camila Schott Grechi disse…
Oi Amanda. Me chamo Camila, sou do oitavo ano C, e particularmente adorei seu texto. É um tabu muito forte da nossa sociedade. Nós evitamos esse tema. Desviamos dele, e o deixamos de lado. Como se não tivesse importância ou não nos afetasse. Até não sei se você sabe, mas de acordo com estatísticas três crianças ou adolescentes são abusadas no Brasil por hora. Isso é um dado muito preucupante. E alertando e ensinando nossas crianças podemos protege-las desse tipo de atrocidade. Meus parabéns por ter pesquisado sobre esse tema e feito um texto tão bem construído!