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Astronomia e sua influência nos povos

Por João Pedro

Provavelmente em algum momento da sua breve vida você já se deparou com questionamentos relacionados à astronomia, ou até mesmo utilizou dela para solucionar problemas, como descobrir onde ficam os pontos cardeais. Além disso, esta ciência é intrínseca em nosso cotidiano, tendo em vista que ela define a maioria das noções de tempo que convencionamos. Sem a astronomia, a navegação não teria se desenvolvido da maneira que ocorreu, várias “descobertas” teriam sido ofuscadas, mudando completamente o rumo da história e, por consequência, a nossa forma de ver o mundo. Vários povos utilizaram de conhecimentos astronômicos e, com base nisso, veremos a partir de agora um pouco da evolução da astronomia e a maneira como ela era aplicada pelas diferentes civilizações.

Os primeiros passos do desenvolvimento da astronomia

A astronomia é por muitas vezes considerada a mais antiga das ciências. Suas primeiras formas de uso foram práticas e ocorreram na pré-história, com as civilizações dos primórdios da humanidade beneficiando-se da observação do movimento dos astros para auxiliar na caça, pesca e agricultura. Os primeiros registros astronômicos datam de tempos remotos, havendo relatos de chineses, babilônios, assírios e egípcios aplicando conceitos astronômicos desde 3000 a.C, como, por exemplo, para prever a melhor época para o plantio e a colheita ou medir a passagem do tempo. Cada povo contribuiu de formas diferentes com a astronomia, construindo as bases que propiciaram o grande avanço que viria a ocorrer na Grécia Antiga. É importante ressaltar que a prática destes povos não era exatamente a astronomia que conhecemos hoje, tendo em vista que costumavam relacionar os astros com mitos, à semelhança da astrologia.
Imagem 1: Porta da Babilônia
As Bases do que iria vir a originar o desenvolvimento da Astronomia na Grécia Antiga

Sacerdotes da Babilônia já estudavam a mecânica celeste, isto é, buscavam determinar as posições dos astros e suas variações com o tempo, inclusive, estes estudiosos são responsabilizados pela criação do conceito de zodíaco, uma faixa imaginária na esfera celeste com uma extensão de 16 graus que possui a eclíptica no seu centro, onde o Sol, a Lua e os Planetas se movem. Além disso, tinham ciência dos cinco planetas facilmente identificáveis a olho nú e provavelmente foram os primeiros a dividir o movimento diurno aparente do Sol em torno da Terra em 24 partes iguais. Outro feito importante dos Babilônios ocorreu entre 164-163 a.C, quando produziram anotações da passagem do cometa Halley, com as suas primeiras e últimas visibilidades. Estes conhecimentos eram registrados em efemérides, ou seja, em diários.

Os chineses, grupo que possui relevância notável no que tange a conhecimentos astronômicos, possuíam ciência da duração de aproximadamente 365,25 dias de um ano desde vários séculos antes de cristo. Além disso, este mesmo povo deixou registros precisos de cometas - Corpos celestes constituídos de rocha, gás e água - , meteoros - fenômeno luminoso decorrente da entrada de um objeto na atmosfera terrestre - e meteoritos - restos de um fenômeno de meteoro que sobrevivem na entrada da atmosfera e caem na superfície. Também observaram as estrelas que acreditavam ser novas e por isso as nomearam de “Supernovas”. Na contemporaneidade, possuímos conhecimento que na verdade são estrelas “supervelhas”, tendo em vista que este fenômeno é ocasionado no fim da vida deste corpo celeste e consiste no colapso do núcleo de uma estrela supergigante, ocasionando na expulsão das camadas externas e o que sobra do núcleo podendo vir a se tornar uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Em seu livro Navegação: A Ciência e a Arte Volume II- Navegação Astronômica e Derrotas, Altineu Pires Miguens (s.d) explica alguns feitos dos chineses, “Os antigos chineses usavam quadrantes, esferas armilares e relógios de água, além de observarem a passagem meridiana de astros.” Provavelmente também tinham conhecimento dos equinócios e solstícios antes de 2000 a.C.

A astronomia também tinha importante influência na vida cotidiana dos egípcios, sendo utilizada para marcar a data dos festivais religiosos e usada para referenciar as cheias e secas do rio Nilo. Os obeliscos construídos no Antigo Egito são considerados os relógios de Sol mais antigos do mundo, sendo que o mais antigo data de 3500 a.C.

Um monumento interessante que, apesar de não ter influenciado muito a Grécia Antiga, evidência o conhecimento astronômico das populações da época, são as Stonehenges na Inglaterra, estruturas essas que possuem algumas pedras alinhadas com o nascer e pôr do Sol, que datam de 3000 a 1500 a.C. Segundo Kepler de Souza Oliveira Filho e Maria de Fátima Oliveira Saraiva, na obra Astronomia e Astrofísica: “Os maias, na América Central, também tinham conhecimentos de calendário e de fenômenos celestes, e os polinésios aprenderam a navegar por meio de observações celestes. (OLIVEIRA; SARAIVA, 2017, p. 1)

Por volta de 600-500 a.C os gregos tiveram contato com estes povos com conhecimento consideráveis sobre astronomia e herdaram muitos saberes deles para iniciar o seu grande desenvolvimento na área.

A astronomia na Grécia Antiga

Os gregos acreditavam que era possível compreender e descrever matematicamente os fenômenos do mundo natural, e era isso que os diferenciava dos outros povos e que possibilitou-os atingir o ápice do desenvolvimento científico, ápice este que só foi ultrapassado no século XVI. Durante este período de grandes descobertas, alguns filósofos se destacaram, com grandes nomes - que provavelmente alguns leitores já ouviram falar - como Aristóteles, Polemarco, Tales e Ptolomeu.

Dentre os estudos desse povo na astronomia, podemos destacar:

- Tales de Mileto introduziu na Grécia os conceitos fundamentais da Astronomia e Geometria trazidos do Egito. Além disso, juntamente de Anaximandro, propôs de forma pioneira modelos celestes baseados no movimento dos corpos celestes.
- Pitágoras de Samos teorizou sobre a esfericidade da Terra e dos outros corpos celestes. Foi responsável pela denominação de “Cosmos” do Universo, que significa simetria.
- Filolaus de Cretona apresentou a ideia do movimento da Terra.
- Aristóteles de Estagira sistematizou os conhecimentos astronômicos, com base em explicações racionais para fenômenos naturais como as fases da Lua. Este mesmo filósofo defendia a esfericidade da Terra, entretanto, recusava o movimento do planeta como uma alternativa para o movimento das estrelas.
- Aristarco de Samos propôs um dos primeiros modelos heliocêntricos com uma fundamentação sólida.
- Eratóstenes de Cirênia calculou pela primeira vez o diâmetro da Terra e ao mesmo tempo provou, de certa forma inconscientemente, a esfericidade da Terra.
- Hiparco de Nicéia catalogou 850 estrelas, criando uma grandeza para representar o brilho destes corpos, que ia de 1 a 6, denominada de magnitude, onde quanto maior a magnitude, menor o brilho da estrela. Descobriu o movimento de precessão dos equinócios, isto é, um movimento semelhante ao de um peão que a Terra realiza em torno do seu eixo da eclíptica.
- Ptolomeu, de origem desconhecida, compilou uma série de treze volumes sobre astronomia, que ficou conhecido como Almagesto. Propôs uma representação geométrica do sistema solar que foi usada até o renascimento.

Imagem 4: Página do Almagesto
Astronomia Moderna

A astronomia moderna que floresceu no século 16 foi marcada pelo fortalecimento da teoria heliocêntrica, com Copérnico publicando De Revolutionibus Orbium Coelestium, que defendia o movimento de rotação da Terra em torno do próprio eixo, o movimento de translação dos planetas ao redor do Sol, a estagnação das estrelas no espaço e o movimento da Lua em torno da Terra.

Galileu Galilei foi outra figura importante deste período. Inventou o primeiro telescópio e propôs que, independente da massa dos corpos, se a influência do ar for desprezível, eles terão uma velocidade de queda igual. Com a sua invenção observou os anéis de Júpiter e descobriu algumas das luas do planeta, que ficaram conhecidas como luas Galileanas.

Johannes Kepler, outro expoente dessa época de avanços, ficou conhecido por apresentar os seus três princípios sobre os movimentos planetários, conhecidas como leis de Kepler.

Isaac Newton - provavelmente já muito próximo do leitor- , propôs a lei da Gravitação Universal que estabelece que quaisquer dois corpos com massa exercem influência gravitacional entre si, e seus três princípios sobre o movimento, conhecidas como três leis de Newton.

E o último nome que irei citar, é o do grande físico teórico Albert Einstein, que apresentou a Teoria da Relatividade, que significou um avanço alarmante para a astronomia. Tal teoria reformulava alguns conceitos desenvolvidos por Newton que não eram capazes de explicar fenômenos específicos.

Imagem 5: Galileu Galilei
Como vimos, a astronomia foi sendo construída com o passar do tempo, com diferentes povos contribuindo para a sua evolução até chegar a forma como a conhecemos hoje, afinal, não podemos esquecer que a astronomia é uma ciência, e assim como uma, é sempre
reformulada com novos conceitos. Newton afirmava isso com a sua frase “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Com isso, finalizamos nossa breve história sobre o desenvolvimento astronômico.

Referências:

MIGUENS, Altineu Pires. Navegação: A ciência e a Arte - Volume II - Navegação astronômica e Derrotas. Diretoria de Hidrografia e Navegação, s.d, p. 539-546. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/dhn/?q=pt-br/npublicacoes>. Acesso em: 17/11/21.
INFOESCOLA. Lei da Gravitação Universal. SILVA, Lucas, s.d. Disponível em: <https://www.infoescola.com/fisica/lei-da-gravitacao-universal/>. Acesso em: 18/11/21
TODAMATÉRIA. Teoria da Relatividade. GOUVEIA, Rosimar, s.d. Disponível em:<https://www.todamateria.com.br/teoria-da-relatividade-2/?. Acesso em: 18/11/21.
TODAMATÉRIA. Relógio de Sol. s.d. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/relogio-de-sol/>. Acessado em: 17/11/21
História da Astronomia. Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. s.d. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/felipe/historia.html>. Acesso em: 17/11/21
OLIVEIRA, Kepler; SARAIVA, Maria. Astronomia e Astrofísica - Departamento de Astronomia - Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 4ª edição. LF Editorial, 2017, p.1-4.

Créditos das Imagens:
Imagem 1: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:10_porta_de_babilonia_IV.JPG
Imagem 4: 
Imagem 5: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Galileo_Galilei_(1564-1642)._Oil_painting_by_an_Italian_pain_Wellcome_V0023487.jpg





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