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A cultura de alimentar-se



 Vitória A. F., 


A alimentação muitas vezes parece uma coisa simples, afinal, algo que está desde sempre presente em nossas rotinas pode não parecer grande coisa. Mas a verdade é que aquilo que comemos diz muito sobre nós mesmos, de onde nós somos, quais as nossas crenças, etc. 

A realidade é que no momento em que decidimos comer ou não algo, temperar de mais ou de menos a comida ou até mesmo desgostar de algum tipo de tempero ou preparo, isso mostra muito mais sobre a nossa criação e sobre o lugar de onde viemos, hábitos e costumes do que sobre o nosso próprio paladar (algo que está em constante mudança dependendo muito da intensidade em que ingerimos determinados alimentos). 
No mundo contemporâneo, e com o tempo das pessoas se tornando cada vez mais valioso, muitas empresas alimentícias acabaram por criar restaurantes que serviriam comidas rápidas e com preços extremamente acessíveis, os famosos restaurantes de fast-foods. 

Para o sociólogo estadunidense George Ritzer “Os princípios do fast-food tendem a dominar cada vez mais os vários setores da sociedade americana, bem como das sociedades de outros países” (RITZER, 1993:1) o que resultaria em um mundo totalmente monopolizado por apenas um tipo de comida, onde toda a cultura e riqueza de alimentos diversificados seriam extintas e substituídas por alimentos super processados e com gostos e temperos iguais. 

George Ritzer denominou esse processo de McDonaldization (traduzido para McDonaldização), em tributo a franquia de fast-foods ‘Mc Donalds’ que está presente em muitos países do mundo. 

Ritzer acredita que o fenômeno da Mcdonaldização possui quatro componentes que fazem com que todas as pessoas continuem a consumir os seus produtos cada vez mais e mais. São eles: 

Eficiência («Efficiency»): Sempre mostrar serviços eficientes, extremamente rápidos e com a melhor aparência possível, mantendo tudo extremamente limpo aos olhos do freguês. 

Quantificação («Calculability»): Os restaurantes de fast-foods sempre terão muita quantidade de produtos para que haja uma enorme quantidade de vendas, mas, também
uma grande quantidade de sabor que agrade a todos, para que todos os clientes sejam induzidos á voltar e comprar sempre mais. 

Previsibilidade («Predictability»): todos os serviços, lanches, restaurantes, cozinhas devem ser padronizados, para que os clientes saibam exatamente o que se passa com seu lanche antes, no preparo, durante, na entrega e o que será feito depois, com o lixo produzido, criando assim uma segurança nos clientes que voltarão mais vezes. 

Controle («Control»): Os empregados também devem ser padronizados, seus uniformes
devem destacar bem quem trabalha ou não no local, o serviço desses trabalhadores, muitas vezes também é substituído ao máximo por máquinas, que conseguem uma maior  rapidez e padronização dos alimentos montados no local. 

É muito importante sabermos o que se passa por trás de um simples hambúrguer fast-food, muitas vezes por falta de tempo acabamos por nos entregar de cabeça nesse processo que apenas visa o lucro e a decisão do que vamos comer. 

Sei que já disse isso, mas volto a repetir, comer não é apenas um ato de sobrevivência, pelo menos não mais, é através da comida e dos temperos distintos que passamos a pertencer e identificar a nossa própria cultura, mas também acabamos que por muitas vezes conhecemos outras culturas e sabores ao redor do mundo. 

Por isso, é muito importante nós decidirmos do que iremos nos alimentar, e então, o que você vai comer hoje? 

Referências para o texto: 


Referências das imagens: 








Comentários

Sofia C 9B disse…
Oiê vitória, primeiramente, gostei muito do texto sua escrita é leve deixando o texto fácil e pouco cansativo para ler. Além disso a escolha de imagens foi muito boa! As ilustrações super representativas, conversam bem com o texto.
Seria muito triste viver em um mundo completamente monopolizado por um tipo de comida. É muito importante valorizar a cultura da culinária de onde viemos e por onde passamos. Muitas vezes esquecemos que se alimentar é uma cultura cheia de costumes passados e mudados através de familia para familia - por sinal amo comer comida preparado pela mãe dos meus amigos, cada lugar tem sua própria identidade e para mim isso é um grande aprendizado, e é muito bom rs.
A mcdonaldização é um tópico muito interessante para discussão. Cada vez mais vemos crianças deixando de comer vegetais/frutas/legumes e comidas feitas pela família por “não gostar” (sem ao mesmo provar) e implorar para comer um hambúrguer.
Uma coisa muito curiosa, é a campanha que acontece uma vez por ano no Mcdonald’s que ajuda o tratamento contra o câncer na sua venda de alimentos um tanto quanto favoráveis a doenças como a obesidade, gastrite… Seria algo legal de ter citado no texto por ser um tanto quanto… Irônico?

Maria Eduarda Celestino 9b disse…
Vítória o seu texto foi muito bem escrito e traz uma reflexão de extrema importância para a atualidade (enquanto século XXI) e nesse período de Pandemia, onde muitas pessoas estão trocando a alimentação saudável e preparada por si próprios por alimentos industrializados, que não se sabe o que vai na comida, por ser mais prático e menos cansativo, simplesmente ligar o celular e escolher uma das opções do cardápio.
Achei importante que você trouxe o conceito da Mecdonoltização, que condiz bem com a realidade dos fast-foods, coisa que a nossa geração está acostumada a comer em grande massa.
Você diz que se alimentar é mais do que apenas comer comida, e concordo com você, porque além do preparo, da cultura inserida no prato temos aquilo de de incentivar a diversidade de cultivo das produções agrícolas, de socializar com os outros durante as refeições e enfim, da apreciação da comida.
Acho que você poderia ter aprofundado um pouquinho sobre a exploração de terceirizados dentro das redes de fast-foods (atendentes, entregadores), mas o seu texto está incrível e com um tema um tanto instigante.
Naiana (9A) disse…
Olá Vitória, primeiramente parabéns pelo trabalho, o texto está muito bom e a seleção de imagens também. Adorei o tema. Na verdade é bem triste... Realmente se começarmos a perceber mais o que comemos a Mcdonaldização está bem visível. O mundo não seria o mesmo se comêssemos tudo com o mesmo gosto. Os temperos e a gastronomia fazem parte de cada cultura, e é uma parte muito rica... Não se trata de comer saudável ou não gostar de tal alimento, e sim, da identidade de um povo. Refleti muito com seu texto e espero que mais pessoas se conscientizem sobre o assunto.
Luísa Ananda (9°D) disse…
Oi Vitória! Seu texto está muito bem escrito, rico em conteúdo e informações. Além disso, gostei muito do modo que ele se desenvolveu, de forma leve e intrigante, trazendo uma reflexão que entende a alimentação como um ato sociocultural.
Como você mesma destacou, a alimentação não é apenas uma necessidade biológica, ela contém significados sociais, políticos, religiosos, étnicos, etc. O consumo do alimento passa a ter um significado cultural, quando ele também é uma maneira de se relacionar socialmente, por exemplo.
Na atualidade, devido a falta de tempo no dia a dia, é optado por muitas pessoas uma alimentação prática e rápida. Achei importante que você trouxe o conceito de mcdonaldização, ele é fundamental para compreender melhor essa transformação no comportamento alimentar. Percebo que muitas características da mcdonaldização refletem em outras áreas da vida, como na educação e mídia, visto que ao longo do tempo houve uma clara mudança da qualidade para medidas quantitativas, em que a padronização e a eficiência desempenham papéis significativos em ambas.
Parabéns pelo seu texto, adorei!