Kaili,
Bom, posso começar dizendo que é comum, quando alguém morre, termos algum ritual, ou algo que nos traga de volta a realidade e nos faça entender que aquele parente, amigo ou qualquer pessoa de laços fortes, se foi. Esses rituais de despedida são muito importantes para a elaboração do luto, assim nos fazendo superar essa dor de perda.
Na pandemia do COVID19 o maior problema em relação as consequências após as mortes foi a forma que os enterros ou “despedidas” dos falecidos foram feitas, já que a doença ainda não tem uma cura ou vacina, as medidas tomadas foram muito “agressivas” em relação ao emocional das famílias, apenas colocando os corpos em caixões lacrados com a participação das famílias via chamada de vídeo, rituais religiosos pela internet ou mesmo cerimônias solitárias.
Além das mortes em grande escala em um curto prazo de tempo, as dificuldades para realização de rituais de despedida entre pessoas e seus familiares, bem como de rituais funerários, podem dificultar a experiência de luto, que é essencial. Pensando nisso muitos pesquisadores começaram a ficar atentos sobre o tema, se preocupando com a saúde mental dessas pessoas, “discute-se a importância de potencializar formas alternativas e respeitosas para ritualização dos processos vividos” (CREPALDI, SCHMIDT, 2020)). Assim as intervenções desse contexto estão sendo repensadas e discutidas, uma das maneiras esta sendo feita pelos psicólogos hospitalares, onde identificando um paciente com alto risco de morte, ele já começa a fazer um trabalho com seus familiares, procurando oferecer apoio e auxilio em situações desafiadoras entre o antes e depois da morte do ente querido.
Além do apoio das equipes hospitalares temos outras formar de criar um luto “saudável”, seria: colocar fotos nos túmulos, ouvir músicas ou fazer coisas que nos ajudam a lembrar da pessoa falecida, conversar com os parentes ou amigos sobre o acontecido e outras diversas formas de compreender o acontecido e ter um tempo para superar. Em Madri (Espanha), o governo local propôs um minuto de silêncio diariamente e as bandeiras são hasteadas a meio mastro; na Itália, policiais saúdam veículos transportando falecidos; na Holanda, famílias têm solicitado às pessoas da rede socioafetiva que enviem cartões postais, cartas e fotos do falecido, para serem apresentadas em uma cerimônia posterior. Tanto a comunicação verbal quanto a não verbal são essenciais nos rituais de despedida, por isso devemos sempre ter uma certa companhia, alguém que pelo menos tente entender a sua dor de perda.
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