Afeganistão: o ontem e o hoje

 Por  Caio,

Olá, leitor. Hoje eu, como um dos escritores do blog Espaço de Diálogos, venho apresentar a você um texto explicativo para elucidar algumas questões que estão ocorrendo no Afeganistão; o passado histórico do local e como o cenário atual que lá ocorre afeta todo o mundo de diversas maneiras.

Bom, vamos começar do início.

A área onde encontra-se o Afeganistão desde meados do século XIX fora suscetível a invasões, visto que é um local bastante rico em petróleo. Dito isso, os britânicos invadiram constantemente a região do país em busca de obter poder, e essas invasões decorreram até eles conseguirem tornar do local seu protetorado, ou seja, terem seu poder governamental. E, embora os britânicos deixando o Afeganistão por volta de 1921, a região ainda sofria sérias interferências econômicas e políticas. Foi apenas em 1960 que o Afeganistão entrou com uma nova constituição e, especificamente em 1964, estabeleceu o voto feminino, um grande e necessário marco para a história do país. Entretanto, as políticas criadas geravam a insatisfação de alguns grupos religiosos que viam a presença estrangeira como uma supressão da cultura islâmica.

 

Conflitos pelo poder iniciaram-se no país, levando ao assassinato do presidente pelo seu primo Mohammed Khan em 1973. E, cerca de cinco anos após, um partido apoiado pela União Soviética, o Partido Democrático do Povo Afegão ou PDPA, temia que a Revolução Islâmica do Irã chegasse até o Afeganistão, o que levou a um golpe militar feito por esse mesmo partido, impedindo novas mesquitas de serem construídas e banindo vestimentas tradicionais islâmicas. O PDPA também prendeu e executou diversos oponentes políticos, tornando do Afeganistão uma nação unipartidária e estabelecendo relações econômicas e sociais cada vez mais próximas com a União Soviética. Entretanto, esse mesmo golpe mais tarde conhecido como Revolução de Saur também trouxe Nur Muhammd Taraki ao poder, e em seu governo houveram transformações tais quais a introdução de mulheres na política, uma reforma agrária e o estabelecimento da educação laica. 

É de se imaginar que essas transformações não agradaram a toda a população, principalmente trazendo insatisfação aos religiosos conservadores e alguns grandes proprietários. Logo, em resposta, os Estados Unidos partiram para o método de financiar grupos rebeldes muçulmanos para contra-atacar e impedir o controle da União Soviética, e também para tentar adquirir uma parcela de poder do local. Um desses grupos que foram financiados foram os mujahidins, qual desejavam que o Afeganistão se tornasse um estado teocrático islâmico. Não demorou muito para que a região tornar-se um palco de guerra entre a União Soviética e os mujahidins. E, bom, a maioria de vocês deve imaginar que a partir dos mujahidins desmembrou-se o então grupo chamado Talibã, que pouco tempo depois executou o presidente afegão da época e controlou a maior parte do país. O Talibã baniu as mulheres de irem à escola, saírem sozinhas na rua e frequentarem os hospitais, elementos essenciais para qualquer ser humano; interpretando, assim, de forma restritiva a religião islâmica e, também, derrubando as políticas anteriores que foram estabelecidas.

Por volta de cinco anos depois, com o atentado às torres gêmeas em 2001 pela Al-Qaeda, parceira do Talibã, os Estados Unidos considerou o Afeganistão uma ameaça política e invadiu o país. Após o governo dos EUA financiar grupos rebeldes islâmicos por mais de duas décadas, agora tornavam-se seus inimigos, e durante todo esse período de 20 anos de ocupação que se seguiu, o Talibã foi pouquíssimo combatido pelo exército estadunidense.

Agora, trazendo você leitor para o cenário atual, especificamente no dia 15 de agosto de 2021, milhares de cidadãos afegãos fugiram para o aeroporto de Kabul, após o Talibã ocupar a capital do país. Os Estados Unidos, que anunciaram sua retirada em 2020, deixaram o Afeganistão apenas nas primeiras semanas do mês de agosto de 2021. Centenas de veículos, armas, helicópteros foram deixados para trás, apropriados pelo Talibã; além de que, deixando todos perplexos, o presidente afegão fugira do país junto com a recente violenta ocupação do grupo islâmico.

Ademais, em setembro de 2021 a CNN dos EUA revelou que o ataque norte-americano no Afeganistão não matou o que pensavam ser um terrorista do Estado Islâmico, e sim um homem chamado Zamarai Ahmadi, um voluntário que trabalhava há 15 anos com ajuda humanitária para uma ONG. Além dele, também foi confirmada a morte de pelo menos 7 crianças e outros familiares. Alguns de muitos em meio às tragédias dessa luta que teve seu início há mais de cem anos atrás e que até hoje está mostrando-nos suas consequências.

 

A história do Afeganistão é bastante complexa e cheia de fatos a se analisar e refletir, mas o principal comentário que tenho a deixar é que o mais importante de toda essa história é sempre se manter informado e procurar saber do que se passa e passou em todas as partes do mundo, porque hoje vemos muito do passado do país se repetindo, violências e restrições de liberdade que não deveriam ser impostas a ninguém, independente de quem seja e se são diferentes de nós ou não. 

Com o final deste texto espero eu que tenha conseguido esclarecer certos pontos para os leitores e gostaria de deixar uma dedicatória importante às mulheres que vivem e viviam no Afeganistão, por estarem no meio de todo esse processo e serem tão moralmente, fisicamente e eticamente prejudicadas e violadas em todo o contexto.

Fontes:
https://www.britannica.com/event/Soviet-invasion-of-Afghanistan
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerra-afeganistao-1979.htm
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57516844
https://www.bbc.com/portuguese/geral-58292284
https://slate.com/news-and-politics/2021/09/last-drone-strike-kabul-aid-worker-explosives.amp?__twitter_impression=true

Créditos das Imagens:
https://www.businessinsider.com/astonishing-photos-of-prewar-afghanistan-show-everyday-life-in-peaceful-kabul-2013-2#even-in-the-60s-this-blonde-attracted-looks-in-afghanistan-2