Por, Isadora
Quem foram as “mulheres de conforto”?
“Mulheres de conforto” foi o nome usado para denominar mulheres que eram forçadas a se prostituirem em bordéis militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, sendo elas em maioria da China, Indonésia, Coréia do Sul,Filipinas, Vietnã, Taiwan, Índias Orientais Neerlandesas , Malásia, Tailândia, entre outras localidades que o Império japonês ocupou e usou para os ‘’pontos de confortos’’ ou ‘’batalhões de conforto.
O cruel sistema japonês
O historiador Yoshime Yoshiaki relata em seu livro “Comfort Women-Sexual Slavery in the Japenese Military During World War” (1995),que a primeira estação de conforto se consolidou em Shangai, China, em 1931, pela marinha imperial japonesa, e que conforme o comandante chefe do exército expedicionário japonês da China, Okamura Yasuji, um incidente em 1932, no qual um soldado imperial estuprou uma mulher chinesa, levou essa força a imitar esse sistema criado pela marinha. As estações foram estabelecidas como meio de “controlar” esse comportamento. A ideia era que essas mulheres “ajudariam” com espírito de luta e com as frustrações do combate e ostensivamente preveniram soldados de estuprarem as garotas locais. Querendo propagar a imagem de heróis e protetores das garotas locais. Essas mulheres e meninas eram sequestradas ou enganadas com ofertas de empregos não sexuais e obrigadas a terem relações sexuais com soldados japoneses, como também eram espancadas e estupradas todos os dias.
O “processo” das mulheres de conforto consistia no estupro legalizado e coletivo das mulheres pelos soldados japoneses. E eram tratadas como seres descartáveis. Evidências e documentos mostram que cada garota era estuprada por cerca de 30 a 40 soldados por dia e aquelas que se recusavam a se submeter a isso eram brutalmente espancadas. Como dito diretamente no testemunho do médico Aso Tetsuo “Mulheres eram usadas e descartadas como se fossem munições femininas e geralmente eram classificadas como vasos sanitários públicos” no livro “From Shangai to Shangai” (2004).
O fim da guerra e a derrota japonesa
Conforme chegava o final da guerra e com ela a derrota do império japonês, ficou ainda maior as medidas que o exército usava para silenciá-las. Deixaram as escravas para trás e com isso muitas delas jamais conseguiram superar o trauma. Outras foram massacradas, como no caso das mulheres levadas para as trincheiras com o pretexto de serem protegidas contra bombardeios para serem assassinadas com metralhadoras e granadas e enterradas ali mesmo. Algumas foram enviadas a cavernas e metralhadas, outras jogadas em poços de água para morrerem com granadas, ou então colocadas em cômodos apertados e mortas com gases venenosos, e tendo até casos mais cruéis de garotas sendo enterradas vivas ,pelo fato de o sistema de mulheres de conforto serem uma operação secreta do império japonês e era planejado que todos os documentos relacionados a essa operação fossem destruídos com a vitória do Japão e assim apagados com o tempo.
Pedidos de desculpas
Mesmo tendo denúncias desse sistema desde 1981, a existência dos “bordéis” só foi reconhecida pelo Japão em 2007. Em 2015 Tóquio fez um pedido desculpas prometendo o equivalente a US$ 8,84 milhões (G1,2017) de amparo às vítimas ainda vivas, mas sendo controverso ao pedir que a Coréia do Sul retirasse o monumento localizado próximo do consulado japonês em Busan , em homenagem às mulheres de conforto coreanas.
Bom, eu escolhi esse tema para trazer à tona tudo que essas mulheres passaram na Segunda Guerra Mundial, além de terem sido silenciadas, suas histórias passam batido. Muitos não sabem da sua existência e de como elas sofreram nesse sistema cruel.
Para quem
quer entender como aconteceu dos olhos de uma das vítimas, eu indico o relato
Chung Seo-Woon em forma de animação "uma animação sobre mulheres de
conforto"
Referências:
https://www.theguardian.com/world/2021/mar/08/harvard-professor-sparks-outrage-with-claims-about-japans-comfort-women
https://www.bbc.com/portuguese - 28/12/15
Livro “From Shangai to Shangai” - Aso Tetsuo 2004
Livro “Comfort Women-Sexual Slavery in the Japenese Military During World War” - Yoshime Yoshiaki 1995
Créditos das imagens:
Imagem 1:
https://youtu.be/yfTHoR5gQQk
Imagem 2:
https://www.koreapost.com.br/conheca-a-coreia/historia/luta-infindavel-das-mulheres-de-conforto-historia/ -14/12/ 2017
Imagem 3:
Vídeo indicado:https://youtu.be/lNhzzFXtcuo
Comentários
Gostei do seu texto e eu achei ele muito interessante, pois eu nunca tinha escutado falar das mulheres de conforto, que é um tema sério, mas infelizmente desconhecido e não muito falado.
Quando li o seu texto eu fiquei horrorizada pelo o que faziam com mulheres e até crianças, como no caso da Chung, a moça do vídeo que você sugeriu, ela só tinha 15 anos! Isso é um absurdo!!
É triste saber que várias mulheres já foram escravizadas sexualmente em bordéis militares. Quando vi o vídeo, fiquei horrorizada com o relato de Chung, ela foi enganada achando que poderia ajudar o seu pai a sair da cadeia, mas no fim foi parar nesse local cheio de outras mulheres não brancas para serem dopadas e estrupadas por militares.
Sabe, é deprimente ver que desde muito tempo as mulheres já tinham o corpo muito sexualizado e eram abusadas. Hoje em dia ainda são muito sexualizadas, um exemplo são algumas personagens de animes (desenho animado japonês) em que têm seus corpos e ações bem sensuais sendo que muitas vezes são menores de idade. Ou então personagens que usam roupas absurdas sendo que elas participam de lutas e as roupas não servem para proteger nada. Ou muitas vezes elas são fracas e inúteis. Tudo isso serve apenas para chamar mais a atenção do público masculino, e mais uma vez elas são apenas objetos, claro que é de uma forma mais discreta, mas ainda sexualizando mulheres.
Enfim, gostei bastante do seu texto e ele me deixou muito reflexiva. A sua escolha de tema foi bem interessante e que eu ainda não conhecia. Também achei bem legal você ter recomendado um vídeo, ele me ajudou a entender mais o assunto, meus parabéns! (͠≖ ͜ʖ͠≖)👌
Beatriz de Menezes Furtado 9C
Marianny Jully Folletto Pereira 9C
E mesmo já conhecendo esse termo e essa história terrível por causa da HQ antiguerra “Grama”, que conta a história das mulheres de conforto sob o traço da quadrinista Keum Suk Gendry Kim, e sob a perspectiva de Ok-Sun Lee, uma sobrevivente da guerra e que foi uma mulher de conforto. “Grama” é uma história antiguerra que quebra com todas as narrativas. O livro mostra que a guerra não tem a cara dos "heróis" de guerra, e que na verdade, a guerra tem cara de fome, injustiça e violência.
E “Grama” também é sobre a resiliência de Ok-Sun Lee. Mesmo tendo experimentado poucas manifestações de bondade, ela é capaz de lutar por reparação do que fizeram com ela e com outras mulheres. A HQ vale muita a sua atenção.
Ótimo Blog! Você trouxe uma relação importante para nossa sociedade, afinal, o Massacre de Nanquim não faz nem 100 anos. Um episódio repugnante, um massacre que durou seis meses. Até hoje, é um evento traumático para os Chinese polêmico para japoneses, que mal sabem da dimensão das atrocidades e não reconhecem a maioria dos crimes cometidos.
O meu primeiro contato com essa história foi com o filme de 2009, chamado “Cidade do Desencanto”, na qual conta a história da invasão Japonesa no território Chines. Um filme realmente chocante, com uma direção ótima e atuações incríveis. O filme é em preto e branco, que ajuda com a mensagem que o filme quer passar, intenso e memorial.
(Manoella Izabel - 9C)
Desde antes do massacre de Nanquim que é um dos acontecimentos mais cruéis que eu ouvi em toda minha vida, aconteceram coisas horríveis como os estupros em massa da mulheres chinesas (que muitas inclusive foram levadas para serem mulheres de conforto), as "olimpíadas" de inferno. Quando eu vi as fotos desse massacre eu realmente fiquei em choque, até os nazistas pediram para eles pararem de tão brutal que eles foram. O pior de tudo é que essa não foi a primeira vez que o Japão fez algo assim, como por exemplo a guerra de Imjin que aconteceu entre 1592 e 1598, onde o Japão invadiu a Coréia e matou e estuprou milhares de cidadãos coreanos, fora as vezes que eles faziam coisas desse tipo dentro do próprios país durantes as milhares de guerras civis e invasões a capital.