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Pés na Estrada algumas curiosidades


por Gabriela,

Na aula de português a professora pediu para fazer uma entrevista com alguém e então pensei em fazer com o professor José Carlos. O professor é fundador do projeto "Pés na Estrada" que funciona há 13 anos, ele que é professor de geografia no Colégio de Aplicação, contou um pouco sobre este projeto.

Gabriela - O que te motivou a criar o projeto "Pés na Estrada"?
José – Estávamos no ano de 1999 e percebíamos certa apatia dos estudantes em relação ao conhecimento e a produção escrita.  Eu a professora  de História, Marise da Silveira (atualmente aposentada), resolvemos investir em uma proposta que estimulasse os alunos na escrita e que fosse  também prazerosa . Assim nasce o projeto "Escola crítica - estudante pesquisador: uma proposta de estudo do meio", que ao longo do tempo foi carinhosamente denominada de "Pés na Estrada" pelo fato de estarmos sempre caminhando em busca do conhecimento.

Gabriela- O que realmente significa este projeto?
José – Penso que significa a tentativa de dar um outro sentido a escola, enquanto espaço de construção do conhecimento, tanto por parte dos estudantes como dos professores. A ideia sempre está centrada em auxiliar na construção de  um estudante que seja ativo no ato de aprender, através da pesquisa, e de um professor que não seja só "dador" de aulas.

Gabriela- Todos aceitaram  o projeto quando foi criado?
José – Todos. Foi muito bacana a aceitação por parte dos estudantes, professores e famílias. A primeira experiência, ocorrida em 1999, foi num assentamento rural do MST, onde ficamos durante três dias, conhecendo o modo de vida dos agricultores familiares e suas dificuldades. Ficamos hospedados na Escola 25 de Maio, no próprio assentamento, a partir daí não paramos mais. Neste ano, lembro que no retorno do assentamento, tinha um acampamento do MST na  beira do asfalto. Pedimos licença e visitamos, foi emocionante ver toda aquela gente, privada de tudo, banheiro, energia elétrica, cama decente, em prol de uma luta, a luta pela terra, que era exatamente nosso tema de pesquisa, aliás, é até hoje. Muitos estudantes choraram, por sentirem-se, naquele instante, impotentes. Outros choraram por terem percebido como é injusta a distribuição das terras em nosso país. Melhor que ler num livro didático, foi aquele contato, numa fria manhã do mês de maio.

Gabriela- Qual é o seu maior objetivo criando-o?
José – O maior objetivo sem dúvida é investir na formação social e política dos estudantes para que eles possam ter elementos para compreender a realidade que aí está e, na medida do possível, se transformarem em pessoas melhores: contra as injustiças sociais, sem preconceitos e abertos à mudanças.

Gabriela- O projeto já está há 13 anos. Nesse tempo já aconteceu algo que não estava previsto?
José – A vida é feita de imprevistos. Já alteramos  datas de viagens em função de mal tempo; estudantes desistiram do trabalho de campo no dia da viagem em função de problemas de saúde; ônibus quebraram/atolaram no assentamento e quase que tivemos que ficar mais tempo do que o previsto (felizmente não precisou); alguns estudantes ficaram doentes, alterando um pouco o que previmos. Coisas assim, mas que entendemos fazer parte do processo.

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